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Foto: Imagem ilustrativa. |
Uma auxiliar de creche do município de Serra Talhada procurou o Blog Luciana Rêgo para denunciar atraso no pagamento desses profissionais, que neste mês de dezembro não receberam seus salários: nem contratos, nem funcionários e nem sequer os efetivos.
Ela também falou sobre o descaso e superlotações nessas instituições de ensino da rede municipal, em que há alunos com necessidades especiais, com ou sem laudo, mas que em muitas creches não têm mediadores, sendo as próprias auxiliares que ficam disponíveis para atender a demanda desses discentes.
A auxiliar informou ao Blog Luciana Rêgo que essa superlotação acaba esgotando os profissionais que fazem 'absurdamente tudo' dentro da sala de aula, e não são reconhecidos pelos seus trabalhos árduos.
Com relação ao salário, a auxiliar informou: "O que o concursado recebe, os contratados também, porque na "promessa" de aumentar 8%, eles reduziram o salário base de R$ 1320 (referente ao ano de 2023) para R$ 954 (referente ao ano de 2018) e só em cima do valor base de 2018 que aplicaram o acréscimo. Isso tá um reboliço só por questões políticas!", desabafou uma auxiliar.
A profissional continuou: "Não cumpriram com a promessa dos 8%, aumentaram 6%. O que de toda forma fica abaixo do salário mínimo nacional. A desvalorização é mais do que real, porque os auxiliares fazem de tudo. Legalmente, o salário mínimo não pode estar abaixo do nacional. A prefeita também sancionou que não iríamos receber inferior ao salário mínimo, mas estamos recebendo. Fora que o servidor público tem um desconto previdenciário de 14%. Não recebemos o mínimo e ainda temos desconto de 14%", disse a auxiliar de classe.
"A tabela geral diz que 14% seria para quem recebe 3 ou mais salários. Na época da greve dos professores, aumentaram o salário deles (dos professores), e depois disseram que aumentariam o nosso em 8%. Na realidade, não somos tratados como educadores, isso fica só na fala do município. Tem gestores e professores que nos tratam de igual para igual, o que difere é só nosso salário, mas que a gente trabalha o triplo, isso é verdade", informou a profissional.
A auxiliar de classe também falou sobre superlotação em creches municipais: "A prefeitura tá superlotando as salas das creches, aumentam nosso trabalho, mas não aumenta na remuneração. A maioria das salas são minúsculas, para terem desse tanto de criança dentro de um quadrado. É imoral! A quantidade de crianças com transtornos com e sem laudo é absurda, e não tem um mediador, sobra tudo para as auxiliares."
Ela continuou descrevendo a realidade em que auxiliares estão vivenciando: "Somos os primeiros a chegar na creche para recebermos as crianças e os últimos, só saímos depois que a última criança da turma é entregue. Alimentação, fazemos a higienização geral, organização da sala, auxilia professores, tudo, tudo. E não é de apenas uma ou duas crianças, são, no mínimo 15/16; há locais que são 20/24. Quando temos sorte de encontrar alguma professora que é parceira e nos ajuda assim como a gente ajuda elas, quando não, o auxiliar tem que se virar nos 30 pra fazer tudo dentro do horário. E isso é rotina tanto de quem trabalha pela manhã, quanto de quem trabalha a tarde."
"Os auxiliares são totalmente invisíveis e desvalorizados tanto pela secretaria quanto pela gestão municipal. Imagina, você fazer de tudo dentro de uma creche e não receber nem o salário mínimo nacional e quando recebe, ainda tem descontos? Outra questão levantada é se ajustaram nosso salário ao mínimo atual (R$ 1420), vão cancelar os "8%"?, finalizou a profissional.
O OUTRO LADO
O Blog Luciana Rêgo conversou com Edmar Júnior, Secretário Municipal de Educação que falou sobre alguns dos casos expostos pela auxiliar de creche de uma instituição municipal de Serra Talhada:
"Não existe essa desvalorização. O pagamento é feito de acordo com o salário mínimo, que é uma questão de edital, questão de lei, todos recebem salário mínimo. Ainda não foi implementado a questão de plano de cargos e carreiras para a categoria, então é somente o reajuste que acontece do salário mínimo", disse Edmar Júnior.
Sobre a questão da superlotação em creches, o secretário falou: "Também é uma situação que não procede, porque a gente estipula. Isso aí vem das diretrizes, dos parâmetros de questão de quantidade de vagas em cada sala. Então, com relação a isso também, eu não concordo com o que a pessoa falou", finalizou o secretário.
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